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Gonçalves

Facebook dos países

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Gosto muito do Facebook. Sobretudo para bisbilhotar a vida dos outros. Gosto, por exemplo, daquelas pessoas que me aparecem no news feed, ou lá como se diz, em pleno horário de expediente de um dia útil, a dizer: “não-sei-quantos ou não-sei-quantas completou nível 67 de Bubble Witch Saga.” Gabo a coragem destes resistentes em época de empreendedorismo. Em que parece que quem não empreende merece um apedrejamento imediato com sacas de cimento. Por isso desde já o meu forte abraço a todos os que completam níveis de Bubble Witch Saga ou de outros jogos com nomes estúpidos.

 

No entanto, se para bisbilhotar pessoas o Facebook é imbatível, em matéria de coscuvilhice entre países ainda deixa bastante a desejar. Eu sou da opinião que devia haver um Facebook especial para países, para eles comunicarem entre si, com espontaneidade e alegria.

 

De modo a que pudéssemos ir à página do Irão, por exemplo, e ver posts como: “Hoje apetece-me enriquecer urânio”. Posts bem-dispostos, onde pudéssemos pôr o nosso Gosto.

 

E convinha que no Facebook dos países desse para ter inimigos e outras opções específicas. Porque quando George W. Bush definiu o “Eixo do Mal”, por exemplo, seria bom que houvesse um pedido de inimizade, para que as coisas ficassem claras. No caso da Coreia do Norte, a sequência seria esta:

“EUA fizeram-te um pedido de inimizade”

“Coreia do Norte aceita pedido de inimizade.”

“EUA gostam disto”.

 

Nesse Facebook as nações podiam criar eventos, para as quais convidavam amigos e inimigos. Se Hitler tivesse isto em 1939, a II Guerra Mundial seria algo do género:

«Criar evento “II Guerra Mundial”, por Führer.

Alemanha criou evento “II Guerra Mundial.”

Alemanha convida 30 amigos e 80 inimigos.

27 países vão ao evento. Portugal, Espanha e Suíça não vão. EUA talvez.»

 

Numa linguagem facebookiana e contemporânea, a mensagem do Führer para convidar os países a participar na II Guerra Mundial podia ser algo como:

“Heil pessoal,

Estou a pensar invadir a Polónia e, quiçá, mais uns 30 ou 40 países – eventualmente o vosso! Lol! – e queria convidar-vos a participar.

Vai ser divertido, vai haver muitos tiros, muita bazucada, campos de extermínio, palmiers cobertos, DJ Vibe, bombas atómicas... Muita animação!

Vai lá estar o people todo.

Não faltem!

E não se esqueçam, tragam Panzers! Lolada!!

Bjs,

Adolfo (ou Rodolfo para os amigos ;-)))))”

Itália, Japão e Mário Machado gostam disto

 

Quem sabe se um Facebook desses não teria mesmo o poder de agitar a cena internacional, gerando notícias como:

“Já é a segunda vez no espaço de um mês que o Reino Unido rejeita um convite da Comissão Europeia para jogar Farmville, o que está a gerar grande mal-estar no seio da União.”

 

Dias haverá em que a amizade entre nações se decidirá por um simples convite para participar num jogo ou num quiz no Facebook. Não me custa acreditar nisso. O Facebook tem potencial para ser o Simplex da diplomacia. Muita coisa se poderá resolver com um clique. Poderá inclusive ser decisivo no processo de paz israelo-palestiniano. Porque importantes passos serão dados se Israel convidar os palestinianos a fazer o quiz «Que tipo de bolo és tu?» ou algo do género. E se a Palestina aceitar, vão seguir-se certamente vários comentários das mais altas instâncias internacionais a dizer “Parabéns!” ou “Lol!”

(http://lifestyle.publico.pt/pontalingua/336231_facebook-dos-paises)

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