Coronavida
Passo por um tipo na rua que, mal me vê ao longe, se encosta ao máximo a um dos cantos do passeio, preferindo levar com vários arbustos e ramos de árvore nas trombas a passar um milímetro que seja mais perto de mim.
Logo a seguir entro na mercearia e o merceeiro, não só está muito descontraído e sem qualquer protecção a atender as várias pessoas que vão entrando na loja, como decide passar para o outro lado do balcão e entabular conversa comigo a 2 centímetros de distância. Eu, apesar de não me considerar um corona-histérico, recuei um passo como que a dar a entender ao senhor que talvez não fosse a altura ideal para estabelecer uma intimidade cliente/merceeiro. No entanto, acho que ele não percebeu a mensagem subtil, uma vez que continuou do lado de cá do balcão a falar pelos cotovelos e pela boca.
Deus Nosso Senhor me proteja e a ele também, porque é um bom fornecedor de papel higiénico, esse que é aparentemente o verdadeiro e único bem de primeira necessidade do séc. XXI.